Conhecimento hermético

Vitor Dornelles
1 min readJan 10, 2024

Quando minha filha tinha 8 anos e estava no 3° ano do ensino fundamental, ela teve uma crise ao começar a aprender oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Isso me lembrou de quando eu tinha a mesma idade e estava na 2ª série (equivalente ao 3° ano hoje em dia).

Nossa professora tinha faltado e por algum motivo não havia uma substituta. Daí simplesmente nos deram uma folha de exercícios naquele papel mimeografado típico dos anos 80. Acontece que o exercício era de algo que não tínhamos estudado, e ficamos tentando adivinhar que seria aquilo.

“Ochitôna, parochitôna e proparochitôna?”. A turma inteira reunida tentando decifrar o que diabos era aquilo. Inicialmente achamos engraçado, mas não demorou até que o sentimento fosse substituído por uma angústia, por não termos a menor ideia do que aquelas palavras significavam.

Acho que naquele momento percebemos coletivamente que SHIT JUST GOT REAL. A escola não era mais uma molezinha. Havia coisas que não conseguíamos deduzir apenas por mera lógica. Estávamos sendo confrontados pela existência do CONHECIMENTO HERMÉTICO.

Óbvio que nenhum de nós concatenou isso na época. Mas foi um grande alívio quando a professora voltou no dia seguinte e nós não apenas aprendemos o que eram oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas como descobrimos que estávamos pronunciando tudo errado.

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