Exercício para críticos de música
Desde 2015, durante todo mês de fevereiro, acontece no Twitter um evento conhecido como "Music Writer's Exercise". Criado por Gary Suarez, a ideia é que os participantes ouçam todo dia, durante o mês mais curto do ano, um disco que nunca escutaram antes e escrevam uma breve resenha a respeito, respeitando o limite exíguo de 280 caracteres daquele antro que chamam de rede social. Para identificar os tuítes que fazem parte do exercício, os participantes têm o hábito de usar a hashtag #mwe, o que facilita as buscas também para quem está interessado em ler as mini resenhas.
Eu participei do evento em três anos (2019, 2020 e 2021), só tendo completado todos os dias no fatídico ano em que a pandemia começou. Em 2022 e 2023 não consegui fazer, e o mesmo ocorrerá neste ano de 2024. Mas tudo bem, pois o próprio criador da brincadeira deixou de capitaneá-la após as mudanças que Elão Musgo impingiu ao Twitter. De todo modo, achei que esta era uma boa hora para reunir aqui, num grande compilado, todas as mini-resenhas que escrevi para o "Music Writer's Exercise". Sempre que possível, tentarei incluir um link para os álbuns no Spotify (embora eu mesmo despreze a plataforma, sei que é o streaming musical mais popular). Vamos lá:
2019
(01/02/2019) Better Oblivion Community Center — Homônimo (2019)
Nunca dei muita bola para a música de Conor Oberst, mas este duo dele com Phoebe Bridgers, com direito a um nome bizarro, é bem interessante. Acho até que vou ouvir de novo.
(02/02/2019) Donny Hathaway — Everything Is Everything (1970)
Disco de estréia da maravilhosa voz de Donny Hathaway. Soul com muita influência de gospel. É ouvir e gostar, não tem muita opção além disso.
(03/02/2019) The Holydrug Couple — Moonlust (2015)
Segundo disco dessa dupla chilena de rock psicodélico. O som é bastante tame impálico, embora bem menos inspirado. Mas quebra um galho se você estiver muito desesperado enquanto o Kevin Parker não lança o sucessor do Currents.
(04/02/2019) Cass McCombs — Tip Of The Sphere (2019)
Disco recém-lançado, sucessor do excelente Mangy Love. Guitarras límpidas e agradabilíssimo de se ouvir. A última música, com mais de 10 minutos de duração, é um dos destaques.
(05/02/2019) King Gizzard And The Lizard Wizard — Paper Mâché Dream Balloon (2015)
A estranhíssima banda australiana de rock psicodélico lançou este álbum acústico 4 anos atrás. É provavelmente o mais acessível da carreira deles, às vezes esbarrando no twee-pop. Bela capa.
(06/02/2019) Norma Tanega — Walkin’ My Cat Named Dog (1966)
Belo disco de folk cujo hit é a música-título. Ela, aliás, vem do fato da cantora ter morado num prédio que não aceitava cães. Então ela adotou um gato, chamou de Cachorro e se pôs a passear com ele por NYC.
(07/02/2019) Enchantment — Journey To The Land Of… Enchantment (1978)
Não tenho o hábito de ouvir disco music, mas este álbum tem algumas canções bem groovy. Infelizmente quase metade dele é composto também por baladas chatíssimas. Melhor se fosse apenas um EP.
(08/02/2019) Sloan — Twice Removed (1994)
O segundo disco da banda canadense de power-pop é recheado de músicas grudentas, como convém ao estilo, e que convidam ao air guitar discreto. A única música chata é a de número 6.
(09/02/2019) M. Ward — What A Wonderful Industry (2018)
Parei de acompanhar a carreira do M. Ward por volta de 2006, e agora acredito que isso talvez tenha sido um erro. Este é o disco mais recente dele e é “americana” (ainda existe este estilo?) da melhor qualidade.
(10/02/2019) Gorky’s Zygotic Mynci — The Blue Trees (2000)
Disco da banda galesa com bem menos experimentações do que os anteriores Barafundle e Spanish Dance Troupe, mas nem por isso menos excelente. Folk que por vezes se aproxima do bluegrass. Contém apenas uma música em galês.
(11/02/2019) Jenny Wilson — Love and Youth (2005)
Nunca tinha ouvido falar da cantora sueca até o dia de hoje. Foi uma agradável surpresa. Me lembrou Feist e Christine and the Queens, mas não exatamente. E ainda tem uma música chamada “Bitter? No I Just Love to Complain”.
(12/02/2019) Dr. John — Gris Gris (1968)
Primeiro disco de um dos principais artistas de Nova Orleans. É uma mistura inusitada de rock psicodélico com o R&B de Nova Orleans, e funciona muito bem, lembrando algo de música brasileira aqui e ali. Não é para todos os gostos, porém.
(13/02/2019) Dusty Springfield — Cameo (1973)
Embora não seja uma obra-prima como Dusty In Memphis, chega bem perto. Um disco excelente de soul. Ouça e não se arrependerá. Destaque especial para a música “Easy Evil”.
(14/02/2019) The Three Johns — The World By Storm (1986)
A primeira coisa que pensei após ouvir este álbum foi “como que isto não é um clássico do pós-punk dos anos 80??”. E depois fiz o que qualquer um faria: ouvi de novo.
(15/02/2019) Tammi Terrell — Irresistible Tammi Terrell (1969)
Famosa por sua parceria com Marvin Gaye, este é o único disco solo de Tammi Terrel. Com músicas animadas, é uma pequena joia esquecida pelo tempo que me fez lamentar ainda mais a sua morte precoce. Que voz.
(16/02/2019) Funkadelic — Uncle Jam Wants You (1979)
Este álbum é o encontro do funk psicodélico característico do grupo com a disco music. Tinha tudo para dar errado, mas aconteceu o contrário. Destaque absoluto para os mais de 15 minutos de “(Not Just) Knee Deep”.
(17/02/2019) Curtis Mayfield — There’s No Place Like America Today (1975)
É claro que o disco é ótimo. Curtis Mayfield podia gravar um álbum inteiro recitando uma lista de supermercado que não tinha como dar errado.
(18/02/2019) アルバム [Unicorn] — 服部 [Hattori] (1989)
Desconhecia a banda japonesa até ouvir este disco idiossincrático e divertidíssimo. As músicas oscilam por vários estilos: do orquestral ao rock clássico passando por ska, reggae, synthpop e até jazz. É absolutamente genial.
(19/02/2019) Barış Manço — Sözüm Meclisten Dışarı (1981)
O famoso cantor turco investe em sintetizadores e faz um som bem diferente do início psicodélico da sua carreira. O resultado impressiona. Eis um bom exemplo de por que não se deve julgar um disco pela capa.
(20/02/2019) Som Imaginário — Som Imaginário (1970)
O que começou como banda de apoio do Milton Nascimento acabou gerando este disco, muito falado por quem gosta de psicodelia. É até surpreendente eu só tê-lo escutado pela 1ª vez agora, mas que bom que o fiz. Recomendo a todos.
(21/02/2019) O Terço — Mudança de Tempo (1978)
Primeiro disco da banda de rock-rural-progressivo sem Flávio Venturini. Em alguns momentos lembra The Byrds cantado em português. Uma pena ser menos conhecido do que o Criaturas da Noite ou o Casa Encantada, pois é muito bom.
(22/02/2019) The Byrds — Bydmaniax (1971)
É considerado por muitos — entre eles a própria banda — o pior disco dos Byrds. Alguns culpam a produção excessiva e outros as composições medíocres. Ambos estão certos. Não chega a ser um desastre completo, mas daí a ser bom…
(23/02/2019) Yola — Walk Through Fire (2019)
Este álbum foi lançado ontem, mas é como se sempre tivesse existido. Uma voz maravilhosa que transita confortavelmente por soul, country e rock. Belíssimo.
2020
(01/02/2020) Cheekface — Therapy Island (2019)
A banda de Los Angeles me remete a uma mistura de Art Brut, Halo Benders e Courtney Barnett com uma pitada de Dismemberment Plan. Contém muitas letras espirituosas e com diversos trechos citáveis. Gostei.
(02/02/2020) Allen Toussaint — American Tunes (2016)
Disco póstumo (e último) desta lenda de Nova Orleans. Adoro seus álbuns dos anos 70, mais focados no soul. Este é basicamente jazz instrumental (Toussaint era pianista). Senti falta da voz dele, mas ainda assim valeu a audição.
(03/02/2020) Game Theory — 2 Steps From The Middle Ages (1988)
Último disco desta banda de power pop/college rock, da qual nunca tinha ouvido falar até hoje. Letras complexas e produção à frente do seu tempo, um verdadeiro achado. Deve ter influenciado a Ted Leo and the Pharmacists.
(04/02/2020) Susan Rafey — Hurt So Bad (1966)
Sei muito pouco a respeito Susan Rafey, apenas que algumas pessoas classificam seu som como “pop psicodélico”. Creio que não chega a tanto, mas o álbum tem arranjos expansivos que ficam muito bons com a voz dela. Ouviria de novo.
(05/02/2020) Shonen Knife — Burning Farm (1983)
1º disco desta banda punk japonesa. Cheio de melodias grudentas e esquisitas para agradar ouvintes excêntricos (como eu). Entendi por que Kurt Cobain era fã. Contém músicas com nomes como "Elephant Pao Pao", "Parrot Polynesia" e "Banana Fish"
(06/02/2020) Jimmie Haskell and His Orchestra — Count Down! (1959)
Disco instrumental, que lembra Esquivel. Trilha sonora perfeita para viajar pelo espaço bebendo martinis na gravidade zero, provavelmente junto com o Austin Powers. Uma espécie de precursor da banda Man or Astroman?
(07/02/2020) John Phillips — John, The Wolfking of L.A. (1970)
Primeiro disco solo do líder do Mamas and the Papas. É bem diferente do som da banda, uma vez que as músicas transitam pelo country e um pouco pelo folk. Ótimas composições, especialmente na metade final do disco.
(08/02/2020) Felt — Forever Breathes the Lonely Word (1986)
Sexto álbum desta banda inglesa de rock. Percebe-se que foram influência para Belle and Sebastian. Agradável, mas não me chamou muito a atenção, talvez porque já ouvi indie rock demais. Ficaria melhor sem o tecladinho.
(09/02/2020) France Gall — Baby Pop (1966)
Que belo disco de música pop! Todo cantado em francês e com arranjos orquestrais sutis, é daqueles álbuns que até melhoram o seu ânimo depois de ouvir. Um dos pontos altos até agora no MWE 2020.
(10/02/2020) Royal Headache — High (2015)
Quando vi esta capa cinza e tristonha do disco da banda australiana, jamais imaginei que iria encontrar um álbum empolgante que mistura punk e soul (!), com músicas realmente grudentas. Uma pena a banda ter acabado em 2018. Recomendo bastante.
(11/02/2020) Squeeze — Argybargy (1980)
Apesar da data de lançamento, o álbum desta banda britânica de new wave parece algo saído diretamente dos anos 90, de tão inovador que era para a época. Terceiro disco excelente que ouço em sequência, merecia ser mais conhecido.
(12/02/2020) The Undisputed Truth — Face To Face With The Truth (1971)
Meu único arrependimento em relação ao 2º disco deste grupo da Motown foi não tê-lo conhecido antes. Soul levemente psicodélico com trio de vozes fenomenal. A primeira faixa é um arrasa-quarteirão. Vou atrás do 1º.
(13/02/2020) Guadalcanal Diary — 2x4 (1987)
O grupo tem fama de “R.E.M. que não deu certo”. De fato, o som lembra a banda, porém um pouco mais pesado e com menos personalidade. Em alguns momentos os vocais parecem antecipar o grunge. Creio que o nome ruim contribuiu para o insucesso.
(14/02/2020) James Carr — A Man Needs a Woman (1968)
Soul clássico e com pegada mais romântica. James Carr tem uma bela voz e sabe passar emoção como ninguém. Com 24 músicas e 1 hora de duração, porém, às vezes fica meio repetitivo.
(15/02/2020) Alice Cooper — Billion Dollar Babies (1973)
Não é à toa que clássico é clássico. Discaço de rock pra ninguém botar defeito. Agora quero me aprofundar na carreira do Alice Cooper, pois de disco completo só conhecia mesmo o School’s Out.
(16/02/2020) Janelle Monáe — Dirty Computer (2018)
Embora seja um grande fã do The ArchAndroid e tenha escutado o single "Make Me Feel" na época, acabei não ouvindo este disco quando foi lançado. Grande erro. Além da alardeada influência de Prince, temos Janelle mandando até uns raps. Álbum TOP.
(17/02/2020) Kevin Morby — City Music (2017)
Já conhecia e gostava do Singing Saw, e este continua a me agradar. Aquela mistura de Kurt Vile com Velvet Underground. Rock estranhamente relaxante.
(18/02/2020) Lizzo — Cuz I Love You (2019)
A capa é fantástica e o disco faz jus a ela. Há muito tempo não ouço um álbum de música pop tão variado e potente. É soul misturado com rap e gospel e ela ainda é flautista clássica? SIM, POR FAVOR. Faça como eu e ouça isto já!
(19/02/2020) Electric Light Orchestra — Eldorado (1974)
Gosto de ELO, e já li que este é o melhor disco deles. A parte “orchestra” está bem mais acentuada do que a parte “electric”, o que deixa tudo muito épico. Mas não consegui prestar atenção direito. Talvez precise ouvir de novo.
(20/02/2020) Best Coast — Always Tomorrow (2020)
Começa muito solar, com a excelente "Different Light" e o ótimo single "For The First Time". Mas a segunda metade do álbum dá uma puxada no freio de mão. É bom, mas esperava um pouco mais, talvez por gostar muito do single. Ouvirei mais.
(21/02/2020) The Roots — Things Fall Apart (1999)
Pensei em desistir no começo, pois vi que o álbum tinha mais de uma hora e queria escutar álbuns mais curtos. Porém não consegui parar. Queria ouvir o que vinha depois, e depois, e depois. Fantástico até para quem não gosta de hip-hop.
(22/02/2020) Nilo Amaro e seus Cantores de Ébano — Os Anjos Cantam (1962)
Isso é um disco BRASILEIRO de DOO-WOP. O Frank Zappa ia pirar ouvindo um negócio desses. Maravilhoso nem começa a descrever o que eu ouvi aqui.
(23/02/2020) Jim Sullivan — U.F.O. (1969)
Alguns anos após lançar este disco, com este nome, Jim Sullivan desapareceu sem deixar vestígios no meio de uma viagem de carro entre a Califórnia e o Tennessee. E eu só conseguia pensar nisso escutando o álbum, então não sei o que achei.
(24/02/2020) The Mamas & The Papas — Deliver (1967)
Adoro a banda e os singles "Dedicated to the One I Love", "Creeque Alley" e "Look Through My Window", mas o disco tem outros destaques, como "Sing For Your Supper" (vocal de Mama Cass) e as versões de "Twist and Shout" e "My Girl". Muito bom.
(25/02/2020) Prince — Lovesexy (1988)
Pensei em desistir do MWE em virtude dos últimos acontecimentos*, mas falta tão pouco que decidi continuar com este disco. É bastante bom, e achei curioso ser uma única faixa de 45 minutos. Estou meio aéreo para avaliar melhor, porém.
*Eu me referia à morte do meu saudoso gatinho Bumerangue, que tinha apenas um ano e meio de idade quando foi sacrificado devido à FELV.
(26/02/2020) Plebe Rude — O Concreto Já Rachou (1985)
Primeiro disco da banda punk de Brasília, contém o hit Até Quando Esperar. É bem curto, dura cerca de 20 minutos, mas o resto não me chamou muito a atenção. Um tanto datado e ingênuo.
(27/02/2020) Lula Côrtes e Zé Ramalho — Paêbirú (1975)
Sempre quis ouvir este disco que mistura ritmos brasileiros, psicodelia e a fantástica voz de Zé Ramalho. A sonoridade é riquíssima, e tenho a impressão de que ainda vou escutá-lo muitas outras vezes. Recomendo bastante.
(28/02/2020) Cilbirinas do Éden — Cilibrinas do Éden (1973)
Único disco do grupo formado por Rita Lee com Lúcia Turnbull, acabou engavetado. Bastante psicodélico, foi gravado após a saída de Rita dOs Mutantes e antes da formação da Tutti Frutti. É o elo perdido entre os dois. Curti.
(29/02/2020) Ave Sangria — Ave Sangria (1974)
Expoente efêmera da cena psicodélica pernambucana dos ano 70, a banda de certa forma antecipou o mangue beat em 20 anos. O disco inteiro é ótimo, mas ele já valeria a pena somente pela faixa “Seu Waldir”, um SAMBA PSICODÉLICO. Oh, yeah.
2021
(01/02/2021) Sparks — Gratuitous Sax & Senseless Violins (1994)
Apesar do nome, o instrumental do disco é basicamente eletrônico. É como se a dupla de irmãos incorporasse os Pet Shop Boys, mas sem perder a esquisitice e o senso de humor peculiar. Top. Faixas favoritas: 4, 7, 9 e 10.
(02/02/2021) Shamir — Shamir (2020)
Excelente disco de pop rock contemporâneo. Shamir é guitarrista (e canhoto) e o instrumento tem destaque em quase todas as faixas. Músicas preferidas: "Other Side", "Diet" e, especialmente, "On My Own", um dos melhores singles lançados ano passado.
(03/02/2021) Art Garfunkel — Watermark (1977)
Terceiro disco solo da parte menos famosa de Simon and Garfunkel. Quase inteiramente dedicado a composições do Jimmy Webb, com exceção de uma música. Um bom soft rock para pais. Faixas favoritas: "Shine It on Me" e "Paper Chase".
(04/02/2021) White Denim — World as a Waiting Room (2020)
Gravado em 30 dias durante a quarentena do ano passado, faz referência ao som de várias bandas, como Flaming Lips, Devo, R.E.M. e Joy Division. Porém isso mais subtrai do que acrescenta ao álbum. Só gostei mesmo da 1ª faixa.
(Mas sigo recomendando discos anteriores da banda, como Corsicana Lemonade e Stiff)
(05/02/2021) Mudhoney — Every Good Boy Deserves Fudge (1991)
Eu certamente não esperava ouvir gaita em um disco de grunge, mas foi isso que aconteceu. Gostaria que hoje em dia houvesse mais álbuns com a vitalidade desse. Faixas preferidas: "Good Enough", "Broken Hands", "Move Out".
(E se eu fosse fazer um seriado que se passasse naquela época, tendo o grunge como pano de fundo, a música instrumental "Fuzz Gun ’91" certamente seria uma das candidatas a ser o tema de abertura)
(06/02/2021) Scott Ross — Scarlatti Best Sonatas (1985)
Uma excelente seleção de 19 sonatas compostas por Domenico Scarlatti, magistralmente tocadas no cravo. Deve ter dado um trabalhão para escolher, pois são mais de 500. Recomendo a todos que amam música, independente de estilo.
(07/02/2021) The Moody Blues — Seventh Sojourn (1972)
Um dos poucos discos da formação clássica dos Moodies que eu não tinha escutado. Contém o hit "I’m Just A Singer (In A Rock And Roll Band)", que até destoa do resto do álbum, um tanto melancólico. Faixas preferidas: 4, 5, 6 e 7.
(08/02/2021) Jimmy Smith — Home Cookin’ (1959)
Apesar de eu não ser um profundo conhecedor de jazz, sei reconhecer quando um disco é incrível (com trocadilho com a epítome de Jimmy Smith). É o caso deste, que dá vontade de escutar de novo assim que acaba. Faixas preferidas: todas.
(09/02/2021) The Magnetic Fields — The Charm of The Highway Strip (1994)
O mais próximo que Stephin Merritt e cia. já chegaram de gravar um álbum country. Não chega a ser um Holiday, mas tem seus bons momentos. Faixas preferidas: "Lonely Highway", "Long Vermont Roads", "Born on a Train".
(E bônus pela capa minimalista)
(10/02/2021) Catherine — Sorry! (1994)
Espécie de banda satélite do Smashing Pumpkins, que contava com o então marido da D’arcy na bateria. O som é bem característico da época e, não por acaso, as guitarras lembram muito as do Pisces Iscariot. Bacaninha. Faixas preferidas: 1, 2 e 10.
(11/02/2021) Prince — The Gold Experience (1995)
Disco da época em que Prince adotou como nome um símbolo impronunciável, merecia ser redescoberto. Apesar de ter duas músicas cafonas demais pro meu gosto, o saldo é bem positivo. Faixas preferidas: "Endorphinmachine", "Dolphin" e "Gold".
(12/02/2021) Quincy Jones — Walking In Space (1969)
Disco de jazz no formato big band, muito agradável e inspirado. Pensei que o som ia ser mais “cheio” e na verdade tem uns momentos até relativamente esparsos, o que achei curioso. Músicas preferidas: "Dead End", "Love and Peace".
(13/02/2021) The Groundhogs — Split (1969)
Blues psicodélico? Não estava preparado para isso. Uma maravilha do início ao fim. Curiosamente é do mesmo ano que o do Quincy Jones (resenha anterior), e não podiam ser mais diferentes. Faixas preferidas: "Split Pt. 1", "Cherry Red" e "Groundhog".
(14/02/2021) Compulsive Gamblers — Crystal Gazing Luck Amazing (2000)
Rock de garagem com produção lo-fi, bem característico do início do século XXI. Em alguns momentos lembra Strokes mas, veja só, este é o 3º disco da banda e foi lançado antes do Is This It. Destaques: faixas 5 e 8.
(15/02/2021) The Housemartins — London 0 Hull 4 (1986)
A antiga banda do Fatboy Slim, famosa pela “melô do papel”. Este não é o disco do hit Build, mas tem várias pérolas. Imaginem um The Smiths feliz: é esta banda. Músicas favoritas: "Get Up Off Our Knees", "Sitting on a Fence" e "Sheep".
(No final o álbum entra num clima meio gospel e tem até dois covers a capella: People Get Ready e He Ain’t Heavy, He’s My Brother. Deixo um vídeo da primeira abaixo, para quem quiser ouvir)
(16/02/2021) Koop — Waltz for Koop (2001)
O YouTube Music me sugeriu este disco da dupla sueca como uma espécie de jazz misturado com eletrônica. É agradável, tem vocais femininos belos e variados e imagino tocando nos cafés mais hipsters do mundo. Mas não é muito a minha praia.
(17/02/2021) Booker T. & The M.G.’s — Melting Pot (1971)
Discaço-aço-aço instrumental de soul e funk com mais um monte de coisa misturada, como o próprio nome sugere. Idiossincrático e empolgante, até agora o melhor disco que ouvi no MWE deste ano. Faixas preferidas: todas.
E assim acaba o compilado! Foram 69 mini resenhas ao todo, e ao mesmo tempo a prova de que se você faz uma coisa um pouquinho todo dia no fim das contas você tem mesmo uma obra de tamanho vultoso. Quero só ver quantos minutos de leitura o Medium vai dizer que este post tem…
E obrigado a quem chegou até aqui. Quanto a ouvir discos que eu nunca ouvi antes, continuo fazendo isso quase todo dia, só não escrevo a respeito. Mas recomendo a todos o hábito de escutar coisas novas.