História ilustrada do Pavilhão Mourisco
O Pavilhão Mourisco foi construído em 1906, no Rio de Janeiro. Ele ficava na Praia de Botafogo, em frente à rua Voluntários da Pátria. No começo era muito popular, e ali as pessoas se reuniam para tomar chá e também realizar festas.
Os cariocas gostavam tanto de lá que o Pavilhão Mourisco chegou até mesmo a figurar em cartões postais.
Vinte anos depois de sua inauguração, porém, o Pavilhão encontrava-se abandonado. Foi aí que surgiu a jovem poetisa Cecília Meirelles. Ela revitalizou o local, transformando-o numa Biblioteca Infantil. O projeto foi crescendo e virou um verdadeiro centro cultural para crianças, com várias atividades.
Tudo ia muito bem até que, em 1937, surgiu quem? Sim, ele mesmo, o ditador mais AMADO do Brasil: Getúlio Vargas e seu recém-instalado regime de exceção, o Estado Novo.
Não se deixe enganar pela imagem de protetor das criancinhas do desenho acima. Graças a Getúlio e ao prefeito do então Distrito Federal, a biblioteca de Cecília Meirelles foi fechada, sob a acusação de conter uma obra SUBVERSIVA e COMUNISTA: “As Aventuras de Tom Sawyer”, de Mark Twain (isso mesmo que você leu).
Cecília Meireles protestou o quanto pôde, mas foi em vão. A Biblioteca Infantil, que era a única alegria de muitas crianças pobres do Rio de Janeiro, nunca mais foi reaberta. Mas tudo bem, pois agora elas teriam mais tempo para exaltar a pátria e a figura carismática de Gegê!
Continuando a sua trágica história, o Pavilhão Mourisco — e antiga Biblioteca Infantil — acabou demolido nos anos 50 para a construção do Túnel do Pasmado. E, alguns anos mais tarde, em uma parte do terreno que sobrou, ergueram o Centro Empresarial Mourisco, um dos prédios mais feios do Brasil!
Este foi mais um episódio de “Brasil, um país que puta merda!”
P.s.: faltou dizer o que aconteceu com o Pavilhão Mourisco entre o fechamento da Biblioteca Infantil e sua demolição total. É tão, mas tão BRASIL, que parece mentira: ele virou um CENTRO COLETOR DE IMPOSTOS. Sim, eu gostaria muito que fosse piada, mas…
De casa de chá e eventos, passando por centro cultural para crianças e terminando em centro coletor de impostos. Era melhor que o Pavilhão Mourisco tivesse virado farmácia.